Para muitos pais, encontrar um equilíbrio entre o tempo de ecrã e outras atividades na vida de uma criança com PHDA pode ser um desafio constante.
Os videogames, com os seus estímulos rápidos e recompensas imediatas, são especialmente atrativos para estas crianças.
No entanto, o uso excessivo de qualquer jogo eletrónico pode agravar os sintomas da PHDA, como a impulsividade e a dificuldade de concentração.
Neste artigo, vamos explorar 5 estratégias práticas para ajudar a estabelecer limites saudáveis, garantindo que os videojogos sejam uma parte equilibrada da rotina. ⚖️🎮
É comum que as crianças com PHDA se sintam atraídas pelos videojogos devido à sua estrutura estimulante. Por isso, estabelecer horários específicos para jogar é essencial.
⏰ Recomenda-se que as crianças com menos de 2 anos evitem completamente o uso de ecrãs e que, para as crianças mais velhas, o tempo de ecrã seja limitado a, no máximo, 1 a 2 horas por dia, de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.
Agora imagine que todos os dias, após as aulas e os trabalhos de casa, há um tempo dedicado ao jogo. Isso ajuda a criança a ter uma recompensa clara pelo cumprimento das suas responsabilidades.
Ou seja, definir um horário para jogar após terminar os deveres não só regula o tempo de ecrã, mas também reforça a importância de priorizar outras tarefas (e o sentido de responsabilidade).
📌 O excesso de videojogos também pode dificultar a transição das férias para o retorno às aulas - veja mais no nosso artigo com dicas para voltar às aulas sem stress.
Nem todos os jogos do mundo do gaming são criados iguais, e escolher aqueles que promovem habilidades úteis pode fazer a diferença.
Para crianças com PHDA, é benéfico optar por jogos que exijam mais do que apenas reflexos rápidos — como jogos que envolvem estratégia, resolução de problemas ou até mesmo atividades criativas.
⚠️ Nota importante: Ao escolher qualquer um destes jogos, é fundamental verificar a classificação etária recomendada. Certifique-se de que os jogos são apropriados para a idade da criança, garantindo uma experiência de jogo segura e adequada ao seu desenvolvimento.
Uma curiosidade interessante é que nos Estados Unidos, foi aprovado pela FDA um jogo digital como terapia para crianças com PHDA (EndeavorRx). Embora algo similar ainda não esteja disponível em Portugal, isto exemplifica como os videojogos podem ser usados de forma terapêutica, mostrando que, quando bem escolhidos e utilizados de forma equilibrada, os jogos podem ter benefícios.
Lembre-se: Cada criança é única, por isso é essencial que os pais escolham e monitorizem os jogos de forma personalizada e até consultem profissionais para recomendações adequadas.
É essencial que as crianças com PHDA tenham um leque de atividades diversificadas.
As crianças com PHDA têm frequentemente muita energia acumulada, que pode ser canalizada para atividades físicas, por exemplo.
Incentivar o envolvimento em desportos, artes ou outras atividades manuais pode ser uma forma eficaz de gastar esta energia acumulada e equilibrar o tempo gasto nos ecrãs. 🏃✏️🎨
Além disso, participar em atividades que exigem atenção e foco, como a prática de um instrumento musical ou a leitura, também pode complementar positivamente o tempo de jogo.
Envolver a criança na criação das regras para o tempo de ecrã pode aumentar a sua adesão a estas normas.
Discutir abertamente o porquê de estabelecer limites e permitir que a criança participe na definição desses limites pode fazer com que ela se sinta mais responsável e compreenda a importância do equilíbrio.
Perguntar à criança quanto tempo ela acha que seria justo para jogar e depois negociar para chegar a um consenso, pode ser uma abordagem eficaz. 💬
Isso não só promove a autorregulação, mas também reforça a importância de equilibrar o prazer com outras responsabilidades.
Observar como a criança reage ao tempo de jogo é fundamental.
Se notar que a criança se torna mais agitada, irritada ou tem dificuldades em transitar para outras atividades após jogar, pode ser um sinal de que é necessário ajustar os limites. 👀
Essa monitorização constante permite aos pais perceberem rapidamente quando o equilíbrio está a ser perdido.
Por exemplo, se uma criança demonstra resistência em parar de jogar ou mostra sinais de dependência, pode ser necessário rever o tempo permitido ou introduzir pausas mais frequentes durante as sessões de jogo.
👉 De acordo com um estudo publicado na Frontiers in Pediatrics (2021), crianças com PHDA tendem a passar mais tempo a jogar videogames e a desenvolver comportamentos mais aditivos em comparação com outras crianças.
O estudo mostrou que quanto mais graves os sintomas de PHDA, maior a probabilidade de as crianças passarem horas a fio a jogar, o que pode agravar problemas como a impulsividade.
👉 Por outro lado, um estudo publicado no JAMA Network Open (2022) descobriu que jogar videojogos pode ter um efeito positivo nas funções cognitivas das crianças, incluindo melhorias na memória de trabalho, atenção e tempo de reação.
No entanto, os autores do estudo enfatizam que é crucial gerir o tempo de jogo de forma equilibrada para evitar potenciais impactos negativos, especialmente em crianças com PHDA, para não piorar alguns sintomas como a dificuldade em manter a atenção.
Embora os videojogos possam ter benefícios cognitivos, como melhorias na inteligência e na resolução de problemas, é crucial que o seu uso seja cuidadosamente monitorizado.
As crianças com PHDA são mais suscetíveis a desenvolver comportamentos aditivos e a passar tempo excessivo a jogar, o que pode agravar sintomas como a impulsividade e a dificuldade de concentração.
Se precisar de apoio na gestão do tempo de ecrã do seu filho ou na definição de rotinas mais saudáveis, a NeuroImprove Clinic está aqui para ajudar. 🧠🌟
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