A PHDA aumenta os riscos associados ao tabagismo?

De facto, estudos científicos mostram que indivíduos com PHDA têm maior probabilidade de começar a fumar mais cedo, desenvolver uma dependência mais forte de nicotina e enfrentar maiores desafios ao tentar deixar o hábito.

Mas porque é que esta ligação é tão forte? 🤔

Neste artigo, exploramos os fatores neurobiológicos, emocionais e sociais que ajudam a explicar os principais riscos desta relação!

Risco 1: Início precoce e progressão rápida

Indivíduos com PHDA tendem a começar a fumar mais cedo e a evoluir rapidamente para o consumo regular.
👉 Por que? A impulsividade e a dificuldade em avaliar consequências futuras, comuns na PHDA, tornam o tabagismo mais apelativo para este grupo.

Esta tendência deve-se à necessidade de estimulação e à procura de novas experiências, características frequentemente associadas à PHDA.

Investigadores de Harvard descobriram, ainda em 1997, que crianças e adolescentes com PHDA têm maior probabilidade de começar a fumar precocemente. Este início antecipado aumenta o risco de dependência a longo prazo.

Risco 2: Sintomas de abstinência mais intensos

Pessoas com PHDA tendem a sentir sintomas de abstinência mais severos ao tentar deixar de fumar.

👉 Por que? A nicotina interage com os sistemas dopaminérgicos, proporcionando um alívio temporário de alguns sintomas da PHDA. No entanto, este efeito é transitório e pode levar a um ciclo de dependência que agrava a regulação natural da dopamina a longo prazo.

Ansiedade, irritabilidade e um desejo incontrolável por nicotina são frequentemente mais pronunciados, tornando o processo de cessação mais difícil!

Alguns estudos indicam que indivíduos com PHDA sofrem uma exacerbação dos efeitos da abstinência, o que dificulta ainda mais abandonar o tabaco.

Risco 3: Alterações Neurobiológicas

A ligação entre a PHDA e o tabagismo está profundamente enraizada em fatores neurobiológicos.

👉 Por que? Ambos estão associados a disfunções nas vias dopaminérgicas, responsáveis pelo prazer e pela recompensa.

A nicotina aumenta os níveis de dopamina, proporcionando um alívio temporário. Este efeito momentâneo pode levar ao uso do cigarro como uma forma de “automedicação”.

Investigadores sugerem que os “inibidores da MAO (Monoamina Oxidase)", substâncias presentes no tabaco, também podem atenuar temporariamente os sintomas da PHDA, o que pode levar a um ciclo de dependência.

*Os "inibidores da MAO" são compostos que afetam a forma como o cérebro processa certos neurotransmissores que desempenham um papel importante na PHDA (como a dopamina). No entanto, este efeito é passageiro e o uso continuado do tabaco pode agravar os sintomas a longo prazo.

Risco 4: Alterações Psicológicas e Emocionais

A desregulação emocional, comum na PHDA, é um dos fatores que aumentam o risco de tabagismo.

👉 Por que? Fumar é frequentemente usado como uma forma de lidar com emoções difíceis ou melhorar temporariamente a atenção – uma verdadeira “válvula de escape”.

Pessoas com PHDA recorrem muitas vezes ao tabaco para aumentar o foco durante tarefas monótonas ou desafiantes.

Embora pareça uma solução rápida para gerir o stress, a frustração ou a impulsividade, esta “falsa solução” acaba por reforçar o risco de dependência.

Risco 5: O impacto é ainda maior nas mulheres 

Estudos mostram que as mulheres com PHDA têm um risco mais elevado de fumar em comparação com os homens.

👉 Por que? Aparentemente, a desatenção (mais prevalente na PHDA feminina) é um dos principais preditores deste comportamento.

Esta tendência foi também observada em adolescentes: raparigas com PHDA apresentam uma probabilidade significativamente maior de desenvolver hábitos de tabagismo, muitas vezes como uma forma de regular as próprias emoções.

Compreender estas diferenças pode ajudar a criar abordagens específicas para apoiar mulheres com PHDA!

O que podemos fazer?

A relação entre a PHDA e o tabagismo é complexa, e tanto a prevenção como a intervenção são essenciais.

Algumas estratégias incluem:

  • Diagnóstico precoce: Quanto mais cedo a PHDA for identificada, menor a probabilidade de a criança recorrer ao tabaco no futuro para gerir os sintomas.
  • Apoio profissional: Terapia comportamental, programas de cessação do tabagismo e até sessões de Neurofeedback adaptadas às necessidades de quem vive com PHDA podem ajudar.
  • Educação: Sensibilizar pais, educadores e profissionais de saúde para os riscos associados.
  • Intervenção personalizada: Abordagens que combinem suporte emocional e estratégias para melhorar a regulação emocional e a atenção.

Compreender os fatores que ligam a PHDA ao tabagismo é essencial para apoiar quem enfrenta este desafio!

Ao divulgar informação baseada na ciência, promovemos a consciencialização e ajudamos quem mais precisa. 😊

Nota: Cada pessoa pode experienciar o tabagismo de forma diferente, e os desafios para deixar de fumar variam consoante fatores individuais, como histórico pessoal, nível de impulsividade e suporte disponível. Por isso, as estratégias de cessação devem ser personalizadas, combinando abordagens que melhor se adequem a cada indivíduo. Se procura apoio especializado, consulte um profissional de saúde para explorar as melhores opções para si.

Referências:

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Elkins, I., Saunders, G., Malone, S., Keyes, M., Samek, D., McGue, M., & Iacono, W. (2018). Increased Risk of Smoking in Female Adolescents Who Had Childhood ADHD. The American journal of psychiatry, 175 1, 63-70. doi: 10.1176/appi.ajp.2017.17010009

Rhodes, J., Pelham, W., Gnagy, E., Shiffman, S., Derefinko, K., & Molina, B. (2016). Cigarette smoking and ADHD: An examination of prognostically relevant smoking behaviors among adolescents and young adults. Psychology of addictive behaviors  journal of the Society of Psychologists in Addictive Behaviors, 30 5, 588-600. doi: 10.1037/adb0000188

Milberger, S., Biederman, J., Faraone, S., Chen, L., & Jones, J. (1997). ADHD is associated with early initiation of cigarette smoking in children and adolescents. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 36 1, 37-44. doi: 10.1097/00004583-199701000-00015

Milberger, S., Biederman, J., Faraone, S., Chen, L., & Jones, J. (1997). Further evidence of an association between attention-deficit/hyperactivity disorder and cigarette smoking. Findings from a high-risk sample of siblings. The American journal on addictions, 6 3, 205-17.

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